segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Complexidade da simplicidade

Em toda a parte onde houve sociedades, autoridades públicas, religiões, opiniões públicas poderosas, em resumo, em toda a parte onde houve uma tirania, ela perseguiu com seu ódio o filósofo solitário, pois, a filosofia oferece ao homem um asilo onde nenhuma tirania pode penetrar; o foro íntimo, o labirinto do coração; e é isso que indispõe os tiranos; é o refúgio dos solitários, mas é ali também que o maior dos perigos os espia.
Esses homens que abrigaram a liberdade no fundo de si mesmos são obrigados também a ter uma vida exterior, a se mostrar, a se deixarem ver; pelo fato de seu nascimento, sua pátria , da indiscrição dos outros, eles se vêem empenhados em numerosas relações; a eles é conferida toda a espécie de opiniões pelo simples fato de que suas opiniões não são as opiniões reinantes! Sabem muito bem, esses solitários de espírito livre, que parecem constantemente, de uma maneira ou de outra, aquilo que não são; quando nada pretendem a não ser serem verdadeiros e sinceros, em torno deles é tecida uma rede de mal entendidos; e sentem pesar sobre seus atos um vapor de opiniões falsas, de acomodações, de meias concessões, de silêncios complacentes, de interpretações errôneas. É isso que acumula sobre sua fonte uma nuvem de melancolia, pois, semelhantes naturezas odeiam mais que a morte a necessidade de fingir!
E essa amargura prolongada os torna vulcânicos e perigosos. De tempos em tempos se vingam de sua dissimulação involuntária, da reserva que lhes é imposta e acontece que chegam a perecer por terem sido eles próprios.

Autor indefinido.


Assim me sinto às vezes, com mais ou menos complexidade...

Gabriel Marchezini
25 de outubro de 2010

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