domingo, 8 de janeiro de 2012

Igreja x Comunhão


Hoje estava pensando em ir à igreja, mas me dava uma má vontade e um enorme desprazer de ter que tomar um banho, pentear o cabelo, passar perfume, vestir minha melhor roupa, escovar os dentes e sair de casa pra chegar num auditório, cheio de gente má instruída (biblicamente), onde uma pessoa vai ao púlpito e começa, com um sorriso nos lábios, a falar sobre tudo menos o evangelho e sobre coisas que não são a realidade do Reino de Deus... Me doeu o coração, mas mais ainda me doeu a consciência de ter tido esse sentimento ruim ao pensar em ir à igreja, sentimento este que não deveria ter brotado dentro de mim, deveria ser o contrário! Deveria ser prazer, desejo e espera durante a semana para, ao domingo,  ir ao templo ouvir, comungar e ser instruído na palavra de Deus.
A bíblia diz; "Quão bom e e agradável é, que os irmãos vivam em união" (Salmos 133:1), não vejo este versículo como uma ordem para nós de ir à igreja como muitos pregam ser, mas sim uma instrução de que devemos ter comunhão com os irmãos. Quando vamos à igreja hoje assistimos ao culto, ficamos emocionados ou nos sentimos culpados, cantamos músicas sem sentido e sem prestar atenção às letras, depois cumprimentamos uma dúzia de pessoas e vamos pra casa... Vergonha de quem diz que isso é comungar com irmãos. Comunhão ao que se vê na palavra é o que acontece em churrascos, festas, jantares, bares, onde as pessoas conversam, trocam idéias, riem, comem e bebem. Muito oposto ao se assentar num banco no meio de uma platéia e assistir aos cultos como se assiste a uma palestra qualquer.
Ir à igreja se tornou um ato supersticioso, pessoas que acham que se não forem à igreja no domingo, terão uma semana péssima, ficam cheios de receios, vão ao culto como quem consulta o horóscopo... "Não fui ao culto hoje, ai meu Deus! Estou fora da bênção!" Como se ir ao culto fosse a chave mestra para ser abençoado por Deus. Deste modo, as pessoas saem das igrejas no domingo, com a consciência limpa (digo limpa no sentido de cumprimento de um dever), e pelo resto da semana só se lembram de Deus quando a coisa aperta, quando o bicho pega.
Uma pessoa teve um pai ou mãe fumante, começou a fumar cedo e depois de 20 anos resolveu parar de fumar. Quem já fumou sabe que parar é uma tarefa muito difícil, a carência que a pessoa sente chega a ser perturbadora. Assim também, é com uma pessoa que foi criada no evangelho, indo à igreja desde pequeno, criando uma rotina que, se quebrada, causaria muito desconforto, como se fosse um vício.
Não digo que paremos de ir à igreja, mas insisto que reflitamos no motivo pelo qual temos ido.
O que nos valerá mais, sentar e ouvir, muitas vezes, e na maioria dessas vezes, uma palavra preparada com o intuito de impressionar e ludibriar a platéia, ou se juntar com pessoas do seu convívio, com as quais você tem comunhão e estudar juntos, discutir, orar um pelo outro, fazer planos de leitura e estudos da palavra, aprender de verdade, o que vale mais?
A igreja tem uma participação muito importante na sociedade em termos de ordem, caridade e recuperação de pessoas, isso é um fato inegável. Se a igreja parasse de fazer suas ações sociais hoje, em questão de meses o caos reinaria nas ruas como nunca visto, e nem em 10 anos o governo conseguiria sanar a falta da igreja neste aspecto.
A instituição é boa, suas intenções são as melhores, mas são poucas as igrejas que estão ensinando aos filhos o caminho correto para chegar ao Pai.
Não devemos ir à igreja como uma obrigação, não podemos ter a palavra do pastor como verdade suprema, ele é homem e é igualzinho a você, e você sabe o que você é.
Precisamos voltar a estabelecer o conhecimento da palavra nos lares, temos que nos instruir na verdade que se perdeu em teologias da prosperidade e em louvores de auto-ajuda. Temos que voltar a pensar, mesmo que isso nos torne rebeldes aos olhos da igreja e de seus mebros mais devotos. O que era Jesus na época dele se não um rebelde? Um herege! A igreja daquela época o repudiava! E assim também será com quem ousar falar a verdade, com quem se atrever a ser livre com a liberdade que Jesus deu. Não se pode ter pensamento livre nas igrejas, o autoritarismo não suporta questionamento.
Não procuro a igreja perfeita, será perda de tempo, não vou achar. Procuro sim, um lugar onde poderei entrar e ser instruido na verdade bíblica, de onde sairei me sentindo mais inteligente, mais preparado e conhecendo mais da verdade do evangelho de Cristo.
Comunhão é um desafio.


Gabriel Marchezini
9 de janeiro de 2012

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